sábado, 24 de novembro de 2007

Uma reflexão para o Blog


Estava aqui pensando com meus "borbotões", não o do Mestre abaixo, mas o de Chico Buarque quando colocou as palavras na boca do Jumento dos Saltimbancos, será que nós macaeunses que estamos distantes de nossa cidade não nos sentimos incomodados? E com uma "vontade danada de chorar aos soluços" por aquele povo?

Eu sinto... E tenho começado a pensar algumas idéias (redundância necessária).

O Blog, pelo que estou sentindo está passando por algumas mudanças atualmente e avalio que já estamos na quarta fase, porém conseguimos manter sempre uma mesma linha, ou seja, resgatando em cada um de nós o sentimento de pertencer a Macau. Vejo ao longo desses meses algo muito positivo e que nunca foi nossa intenção quando o criamos:

1o) O Blog tem se construido coletivamente e, dentre todos os que já tive, é o único que não me dá trabalho e nem me sobrecarrega da obrigação de mantê-lo vivo. Ele simplesmente vive, independente de mim.
2o) O Blog lida com a diversidade: de idades, de gerações, de temas, de pensamentos e seres humanos. Cada um tem sua maneira de ser, suas lembranças e, penso, tenho deixado que cada um caminhe e escreva do jeito que sente vontade.
3o) O Blog e o seu conteúdo mexe com algo (pelo menos comigo) que qualifico como IDENTIDADE - A minha identidade de pertencer a essa tribo, a esse povo, a essa cidade, a essa cultura, a essa maneira de ser e me deixa tranquila de que pude contribuir minimamente com a construção de sua história.

Não gostaria que o Blog perdesse essa característica e acho, apesar disso, que estamos conseguindo manter, apesar das inúmeras cartas denunciativas e bem humoradas que estão aparecendo. Estas tem nos arramessado para o campo da política, o que até este momento não tinha se revelado neste espaço.

Penso que tudo o que está aparecendo deve ser necessário, senão as pessoas não escreveriam. Penso também que precisamos ir além para não cairmos na "mesmice", na politicagem ou na mediocridade.

Acho que temos que continuar com as lembranças, resgatando memórias, mas a situação da cidade parece estar tão calamitosa que não consigo ser indiferente. Tenho a impressão de que:
- para sermos efetivos com alguma contribuição para Macau precisamos agir diferente, ou pelo menos, não podemos mais agir como sempre se agiu.
- Precisamos escrever com responsabilidade, ou seja, acho que devemos ser propositivos.

O que poderíamos fazer para contribuir?
Eu me sinto responsável pela minha cidade e pelo meu povo, mesmo que não more e nem divida com eles o seu dia-a-dia. Mas, o que um Blog poderia fazer para ultrapassar esse sentimento de impotência que se abate sobre o atual destino que está sendo construído para Macau.

Digo isso porque pensei que estamos neste presente resgatando um passado para um futuro que poderá não existir... E nesse sentido, mesmo com as diferenças e as diversidades que nos une (os que estão em Macau e os que estamos distantes), poderíamos propor coisas concretas, no mínimo, para que as pessoas reflitam e tomem para si a construção desse nosso futuro coletivo.
Por fim, uma inquietação que está me acompanhando:
PARA QUEM VAMOS DEIXAR NOSSA HISTÓRIA?
OU PARA QUÊ?
Não existe memória sem pôvo e sem identidade. E a verdadeira história só se constrói a partir das memórias de quem verdadeiramente construiu a história. Senão cairemos naquele conto que nos contaram na escola do bigodudo português que gritou "Independência ou Morte!". E o pior é que a gente acreditou nisso!!!....
Abs, Giovana