segunda-feira, 14 de abril de 2008

HOMENAGEM A BUACA


Quero avisar aos brecheiros que, continuo, também, brechando. Acho que só vamos escrever com mais freqüência, no segundo semestre quando estiver definida a data do próximo encontro.

Porém, hoje, escrevo algo seriíssimo...

AOS BLOGUEIROS DO ” MACAU 80 E DE TODAS AS GERAÇÕES”:

Uso mais uma vez este espaço e hoje com o objetivo de prestar uma homenagem a JOSÉ MOACIR RUBENS DE OLIVEIRA FILHO (Buaca, para os amigos)... neste momento, quem vos fala não é Chaguinha de Preta de Dagmar, irmã de Mazinho, de Antônia etc., quem vos fala é a cidadã Francisca das Chagas Sousa.

Acredito que todos já sabem o que aconteceu com o nosso querido Buaca, no dia 02 de abril de 2008, pois é consciente de que necessitamos dar um basta nesta violência urbana desenfreada, que posto esta mensagem AQUI.

Parafraseando Rubens Braga que diz que as coisas simples não dão IBOPE, não interessam às pessoas; se, o que acontece de singular na vida das pessoas fosse retratada pela mídia, talvez naquela quarta feira 02 de abril, algum jornal na sua coluna de variedades estivesse escrito assim: pela manhã, um homem sai de casa com dinheiro com a intenção de quitar um carro, chega em um banco, paga e volta para o seu lar com a consciência do dever cumprido; SE, tivesse sido este o DESFECHO daquela quarta feira, somente as pessoas estritamente do dia-a-dia de Buaca, teriam sabido...

No entanto, o que aconteceu foi que, naquele dia, na sua primeira investida em um banco, que não deu certo, guardou o seu dinheiro bem guardado entre o seu corpo e a calça que vestia, não pensando que seria assaltado, mas para não perdê-lo, suponho, pois R$10.000,00 não é coisa fácil de ganhar-se e de se ter todos os dias, sobretudo, um aposentado-micro-empresário. E o que aconteceu ao sentar-se no seu carro para cumprir o seu papel-de-cidadão-honesto-que-paga-as-suas-contas? É abordado por sujeitos que não têm o que fazer e que gostam de levar a vida fácil, sem grande esforço, que, não-contente somente com a coisa material, leva o presente mais precioso que Deus nos deu: a vida (daquele cidadão).

Pois bem, é um momento de reflexão e de muita relevância, muito maior do que a revolta pelo fato irreversível do que aconteceu ao nosso inesquecível Buaca; sobretudo, pela impotência e fragilidade com que nós seres humanos, brasileiros, macauenses, natalenses ou qualquer outra cidadania, nos encontramos. A vida está banalizada, a sociedade está desprotegida, ainda temos motivos de nos indignar, mas não culpemos tão-somente os governantes, mas a própria lei penal de nosso país que é de 1940, Decreto-Lei n° 2.848 de 07 de dezembro de 1940, onde no seu artigo 121 do Código Penal diz que, Matar alguém: Pena, reclusão de seis a 20 anos. Latrocínio Art. 155 do C.P.; Subtrair coisa móvel alheia, para siou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena, reclusão de quatro a dez anos, e multa – § 2º A pena aumenta-se de um terço até a metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; III – se há concurso de duas ou mais pessoas; § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além de multa; se resulta MORTE, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo de multa.

Quando o Juiz vai fazer o seu juízo de valor num processo de homicídio doloso contra a vida, ele observa os aspectos sociológicos, filosóficos, ambientais, o passado, a história familiar do indivíduo (ou indivíduos) que tirou a vida de alguém e busca diminuir a pena; depois de ouvido o Ministério Público e os jurados, se o réu é primário, se tinha boa conduta social, se era bom pai, bom filho, emprego fixo, endereço fixo etc; se era marginalizado pela sociedade, enfim, não leva em consideração que, aquele que está sendo julgado, está vivo pode ter privada a liberdade, temporariamente, mas tem vida, está vivo para se recuperar ou depois que sair da prisão cometer novos homicídios.

Em quase nove anos perdi dois amigos por motivos parecidos, mortos por marginais, o primeiro, a família deixou o caso nas mãos de Deus, haja vista que mora no Ceará e os assassinos e o pai são pessoas influentes às avessas (através da prática de crimes), em Mossoró; mas espero que este caso, não fique impune, que a família, os amigos cobrem das autoridades competentes uma solução, que bote atrás das grades, os culpados, pois se, um atirou, o outro deu cobertura para o crime, agindo como co-autor; não interessa se é a Polícia Civil ou Militar que tem que dar segurança e proteção aos cidadãos; pois é muito fácil ficar jogando como se fosse pingue-pongue as culpas, como li num determinado jornal da capital. Fico imaginando o terror que é para uma pessoa sentir uma arma apontada para a sua nuca e, depois, de uma coronhada, ser chutada, levar, um, dois,três tiros; que raiva danada foi a desse assassino!!! Fico pensando porque, essas pessoas que vivem de cometer crimes, não têm pena de ninguém, pois não se conformam apenas em levar as coisas materiais, mas maltratar, tripudiar, matar; por que tirar a vida das pessoas inocentes e que nada têm a ver com seus recalques, de suas faltas de oportunidades ou simplesmente por não quererem levar a vida dentro da decência e da bondade?

O crime está distante de ser elucidado, embora na quinta feira última, li em um jornal que já existem dois suspeitos; mas há um agravante: para que o delegado responsável pelas investigações veja a fita do banco, onde, com certeza está o algoz de Buaca, necessita de uma ordem judicial para entregá-la. O que será que tem de tão sigiloso numa fita de banco, que não pode ser emprestada de pronto para figurar como prova num inquérito que poderia ajudar na elucidação de um crime tão covarde? Vale salientar queo crime praticado nesse caso específico no direito é configurado latrocínio, mas no popular, hoje é, saidinho do banco... Será que o gerente não pensa nisso e que pode ser repetido contra outro inocente, talvez sendo praticado pelo mesmo elemento que hoje ele se omite demostrar? Será que isso ainda é no Brasil, em pleno século XXI?!

Para finalizar quero dizer que Buaca era um amigo alegre e amigo de todos. Pude compartilhar de muitos momentos alegres com ele, pois morou por um bom tempo na Rua Pereira Carneiro, em Macau, quase meu vizinho; bem como nos carnavais, principalmente o de 1978, com os “Cowboys”: Ivan Marques, Anete, Gustavo, Alice, João Penha, João Evangelista etc; a última vez em que estive com ele em lazer foi numa festa de Marrocos com Vavá, Manoel Maxixe, Ivanildo e outros, no clube dos Oficiais da Polícia.

À memória dele, que seja feita JUISTIÇA!!!

Á família, desejo paz!!!

Obrigada.

Francisca das Chagas Sousa