quarta-feira, 19 de agosto de 2009

III REENCONTRO, POR VILMA REJANE

A nossa existência parece ser uma sucessão infindável de encontros: encontro com o trabalho, com a escola, com a família, com a decepção, com a mentira, com os amigos. Encontro com o amor, encontro com o destino. Sempre quando penso em encontros me vem ao pensamento o que disse Vinícius de Moraes no seu Samba da Benção "A vida é a arte do Encontro". É verdade que quase sempre descarto o seu revês, a sua negação. Mas Vinícius não se esqueceu, e assim completou o verso: "A vida é a arte do encontro, embora hoje haja tanto desencontro pela vida".É assim que os encontros se tornam mágica, pela superação dos seus reverses, dos desencontros. Muitas vezes o acaso é o grande promotor de encontros memoráveis, que transforma o inesperado em um suave sorriso. Palmas para o acaso, que tão bem arquiteta encontros e bons momentos entre nós, esses seres humanos sempre em busca de diversões de rever amigos e reviver momentos inesquecíveis.

A pouco meses tentei fugir do acaso e marquei um encontro com um velho amigo de antigamente (risos) e fui, mas para minha surpresa ele não apareceu. Fiquei na espera por uma hora e meia e percebi que poucas ações são tão voltadas para o futuro quanto esperar. Isso, nos diz a meditação, é fonte de sofrimento e angustia. Concentrei-me então no instante presente. No bom chope gelado que estava bebendo. Na boa música que estava ouvindo. De certo modo esse desencontro foi libertador, pois deixou "aquele velho amigo de antigamente" no passado, e para o presente deixou as novas pessoas que ainda não tive oportunidade de conhecer.

Penso num reencontro que tive com uma grande amiga da época da universidade e confesso que me parecia improvável que fossemos nos encontrar e conviver da maneira como fazíamos nos velhos tempos. Mas aconteceu, nesse incerto ritmo de vida, de vez em quando os destinos se cruzam e amizades se fortalecem. Quando reencontrei minha grande amiga Luzinha no seu retorno do Rio de Janeiro já senti que nascia algo que vai além do reencontro: Havia uma sensação de amadurecimento, de família, de amizade. É fruto que se colhe quando damos a chance para que a vida se estenda mais do que pensávamos que pudéssemos ir.

Fazer junto algo mais banal, marcar encontros mais descompromissados, mais casuais. Conviver à vontade até que um inevitável silêncio deixe de ser constrangedor. E conversar o que ainda não foi conversado. De certo modo seria como um resgate daquela nossa criança que brincava na Praça da Conceição sem receios, que abraçava se tinha vontade de abraçar e sorria sem maldade, que éramos felizes e não sabíamos...

Como bem disse o escritor Fernando Sabino em o Encontro Marcado: "Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono, uma ponte, da procura um encontro". Vamos fazer deste 3º Reencontro de Macauenses, um momento de alegria, sabedoria, perdão, e que a humildade que o tempo nos traz esteja presente, pois nos encontros e desencontros com amigos sempre aprendemos um pouco mais sobre nós mesmos.

Vilma Rejane