sexta-feira, 14 de março de 2008

AMANTE DA POESIA


VERSOS ÍNTIMOS
DE: Augusto dos Anjos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Águas Leves de Gambo
De: Gilberto Avelino Macau/RN

Águas leves de gamboa,
que tristemente cantais,
por que vos impacientais,
se de sol vos vestis,
e se vos coroais
de brancas rosas de sal?
Tendes o rio vizinho,
e mais distante o mar amplo
em que vos renovais.
O que de mim esperais,
águas leves de gamboa?
Não vedes a face sangrando,
não ouvis a voz repartida
com a agonia do vento,
e só de mágoa acrescida?
- Soledade de cal isolada
da areia e do cimento,
ou de pássaro ausente
do primeiro azul da tarde.
Águas claras de gamboa,
que levemente ondulais,
compartilho convosco
dos murmúrios que cantais.

Abraço a todos que, aqueles amam a Poesia.
E fazem dela uma Paixão.
Abraço do amigo de sempre, Kinkas.