domingo, 9 de setembro de 2007

Birinha emocionado


Dizem que a palavra saudade só tem significado na língua portuguesa. Indiferente as querelas lingüísticas sei bem o significado que ela tem no meu coração apertado por perder essa oportunidade ímpar de rever minha cidade querida e os meus parentes e amigos. Macauense que sou, nascido em casa na rua Pereira Carneiro - 133, pelas hábeis e prestativas mãos de Dr. Luís, tive como muitos de nós, que mudar para a capital ainda na primeira infância (aos sete anos em 1971) acompanhando a família que pressionada pela ameaça do desemprego causada pela industrialização das salinas buscava dias melhores longe da terra do sal. Minha convivência com a praça da Conceição foi portanto interrompida e só retomada depois dos 13 ou 14 anos quando passei a visitar Macau anualmente nas férias escolares e no carnaval. Esperava ansioso: semana santa, férias de julho, férias de fim-de-ano e carnaval quando se tivesse me comportado, seu Joca Lemos e Dona Nair deixavam eu ir passar uns dias na casa de alguma das minhas tias queridas: Dadá (D. Amália mãe de Jaci ex. esposa de Zé Gilete),Teté(D. Heloísa conhecida como Mãezinha, mãe de Dílson, Luizinho, Divane, Domingos Sávio e Denise Lemos) essas irmãs do meu pai e Neusa Pinheiro (esposa de Chico Pinheiro do mercado, mãe de Manoel, Aninha, Belzinha, Libânia e Edinho) prima de minha mãe, que por ser filha única adotou as primas como irmãs e nós as adotamos como tias. Nessa época final dos anos 70 até meados dos anos 80 participei de forma mais ativa dos episódios macauenses e tive o privilégio de conhecer pessoas maravilhosas como meu amigo/irmão Elso de Biô, Hélder Marques, João Vicente, Nego Arnaldo Marcelino, Pêdinho meu irmão, Francisco lá-de-casa, Os Jonas Lemos, Ana Teresa, Carla Lemos, Leila e se eu continuar citando nomes não vou terminar esse texto. Mas para não ser injusto vou me reportar aos amigos que deixei antes da mudança: Giovana, minha visinha de Pereira Carneiro, Os irmãos Pelinca também visinhos, Maxwel, Vavá, Nervaldo e Ninho moravam em frente a minha casa, Cornélio meu colega de sala no Duque, meus primos legítimos Maninho, Didiu, Déuinho, Élson e Edna os filhos do meu querido Tio Chiquinho Lemos. Estudei no Duque, fui aluno de Dona Chaguinha e Dona Arlete, brinquei no Jardim da infância, fundei junto com meus amigos/camaradas o irreverente Bloco da Cobra, enfim foi em Macau onde vivi momentos inesquecíveis da minha vida, onde namorei, me apaixonei, me alaguei, desenvolvi minha cidadania na heróica campanha de João do Mangue.
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Hoje gostaria muito de estar na Praça da Conceição reverenciando a terra da liberdade, da militância e da alegria, mas se não posso estar em corpo estarei em alma, em pensamento, em energia, desejando que tudo corra bem e que vocês saibam gozar deste privilégio dando uma lição de cidadania e demonstração de amor a nossa Macau tão sofrida e tão amada.

Um abraço a todos.

Com lágrimas nos olhos.

Ubiratan de Lemos(Birinha)