terça-feira, 8 de janeiro de 2008

EM BUSCA DA ALEGRIA


Envio meu aplauso ao Cordão da Fantasia, boa nova iniciativa do amigo Renan para resgatar a tradição das marchinhas pelas ruas compridas de Macau.

Não me resta qualquer dúvida, saudosismo a parte, de que os carnavais de hoje, com toda a mega-estrutura que exigem, não tiram nem fino naqueles que brincamos até o final dos anos 80.

E não me digam que é coisa de velha coroca. O som dos trios não me aborrece e não sinto medo do povo, da multidão, de lobisomem ou coisa parecida. Apenas, não é mais. Perdeu a magia, o encanto da fantasia, da alegoria. É tudo tão impessoal. Os blocos que seguem atrás do trio, nem são tão blocos assim.

É tudo tão igual naquela máscara grudenta e disforme de mel de furo. Jardim e Equipicão (meu grande amor do passado), carnatalizados, confesso, não me batem a passarinha. Que me desculpem os que gostam. Eu respeito. E até fico bege ao ver alguns cinquentões totalmente adaptados com seus abadas coloridos e mamães – sacodes, lépidos e fagueiros, pinotando atrás do trio. Chego a sentir inveja do pique.

Para mim, simplesmente, não é mais.

Mesmo assim, arrancando do fundo da alma cansada de tanta guerra, um lampejo da colombina que sonhei ter sido, pelo menos um dia, a cada carnaval, ainda encaro a avenida em busca da alegria perdida.

Quem sabe, este ano, a reencontro na esquina do Beco das Quatro Bocas ao som da marcha regresso...

Um beijo no coração de todos