domingo, 20 de janeiro de 2008

A PRAÇA


Realmente, Sheila conversa baixinho com as palavras, como fazem os poetas. Aí vai um de seus muitos poemas arretados.

Renan


A PRAÇA

Nos bancos daquela praça
que já não existe mais
muitas pessoas sentaram
viveram e contaram estórias
algumas já esquecemos,
mas foram todas reais.
Nenhuma igual a outra.
Palavras, risadas, beijos
de impúberes namorados
planos secretos, mistérios
ainda estarão por lá?
Quanta cena de ciúme,
quantos desejos não ditos,
que o vento não varreu,
todas as juras de amor,
todos os gritos de guerra,
os loucos, os bêbados,
os bailes de carnaval
meninos mudando o mundo
poetas cheios de glória
Decerto ainda estão lá.
Visto que a praça é a mesma
embora já não o seja.
Mas, com algum esforço
quase se pode vê-los
debaixo de cada pedra bem posta
no lugar de cada árvore morta.

Sheila Maria Carvalho Bezerra de Araújo