segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

NUNCA FUI SANTA


Embora ainda sonhe com essa possibilidade, a verdade é que nunca fui santa. Assim, nos verdes anos da juventude, ao lado da minha inesquecível amiga Juraneide, também já brinquei no boi. Daquele tempo, tenho pelo menos uma boa história pra contar.

Era domingo de carnaval, o sol quente pegando fogo e a gente tentando curar a ressaca do baile de sábado de Zé Pereira. Na Praça da Conceição, ponto de todos os encontros e desencontros, chegava a informação de que O Boi estava se ‘concentrando’ no Bar do Barão.

Não contamos nem três. Pegamos o beco de Seu Dedinho rumo ao bar de Evilásio, (grande figura!) e lá encontramos o mal-afamado bloco com gosto de gás ensaiando as venenosas marchinhas carnavalescas. “Foi ele, foi ele, viu... Ô dona Alzira, dá uma porrada em Mafaldo, que ele tá...”. Vamos pular essa parte. E por aí vai.

Naquele ano, a musa do mata-sete que fazia grande sucesso nas paradas atendia pelo nome de “Chiclete”. Até hoje, não sei o porquê do apelido.Chiclete tava no auge, bem novinha, recém-chegada na zona, e comandava uma turma da pesada.

A sacanagem corria solta, pois o Boi, diferentemente da Cobra, não tava nem aí para o politicamente correto e apelava pra baixaria. Lá pras tantas, muita cerveja depois, Chiclete, num grau já alto, me chama e pede para guardar a ‘chave do quarto’ na minha bolsinha tiracolo. Guardei a tal chave e saímos pelas ruas da cidade.

Muitos bares depois, fizemos um assalto no saudoso Pic Nic Lanches, de Seu Chico Seixas. Aí, chegando perto da Benjamin Constant, cansada de guerra, capotei na curva e fui dormir na casa de mamãe. E o Boi continuou sua maratona.

Noite alta, eu já querendo acordar para encarar a segunda noite do Lions Clube, ouço a voz de Chiclete me chamando na porta. Mamãe, sem reconhecer a visita, se antecipa: - “Minha filha, fale baixo que ela tá dormindo e eu não quero que ela acorde tão cedo. O que se trata?”. Sem nada a perder, Chiclete respondeu: “Ah! Mas a senhora vai ter que acordá-la, pois ela tá com a chave do cabaré e a gente não tem como entrar em casa”.

Mamãe só faltou cair pra trás.